Falta de Apetite e Seleção Alimentar nas Crianças
As queixas sobre os distúrbios do apetite na infância tornam-se cada vez mais frequentes. Sendo a principal, a seleção alimentar, onde são reconhecidas suas principais características clínicas. Bem como, na tríade de recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento.
Para conceituar e compreender adequadamente a seletividade alimentar é necessário reconhecer outros distúrbios alimentares, com os quais pode assemelhar-se.
Seleção Alimentar e Distúrbios Alimentares
Anorexia fisiológica:
Instala-se normalmente entre 6 e 12 meses de idade. A criança apresenta uma diminuição do apetite, devido à desaceleração no seu crescimento. Além disso, o interesse pelo alimento é substituído pela enormidade de estímulos e descobertas que a criança faz no meio ambiente e a criança não apresenta alteração do estado nutricional.
Anorexia infantil ou anorexia verdadeira:
A criança que não consome, espontaneamente, uma quantidade de alimentos suficiente para o adequado crescimento e desenvolvimento. As condições desfavoráveis à aceitação alimentar podem ser de origem orgânica ou comportamental.
Falsa anorexia:
A criança come pouco na opinião dos familiares, porém apresenta crescimento dentro do considerado normal e esperado. O quadro sobrepõe-se ao da anorexia fisiológica, exceto pelo posicionamento dos pais ou responsáveis.
Pseudo-anorexia:
Recusa alimentar determinada por dificuldade de mastigação e/ou deglutição, presença de aftas, fissura palatina, estomatite, dores dentárias ou outras condições que provoquem dor e sofrimento.
Anorexia seletiva ou Seleção Alimentar:
A criança que apresenta recusa total ou parcial a determinado(s) tipo(s) de alimento(s). Dessa forma, a existência de paladar e de preferências alimentares entre as crianças saudáveis, torna o quadro algo impreciso. Uma ampla maioria das crianças é descrita pelos pais e responsáveis como seletivos, apesar de não apresentarem prejuízo ao estado nutricional, nos horários e práticas alimentares. Em suma, os alimentos mais rejeitados são verduras, legumes e frutas.
Ou seja, a criança seletiva de modo geral, passa a desgostar da alimentação. Pode ocorrer tanto em crianças saudáveis quanto naquelas com necessidades especiais. Além disso, é mais comum em crianças hiperativas.
Algumas vezes os pais confundem distúrbios alimentares com distúrbios de crescimento e esta diferenciação deve ser estabelecida.
A psicologia fisiológica mostrou, inicialmente, que a sugestão interna de fome e saciedade seria responsável pela alimentação, ao mesmo tempo em que surgiu o modelo da homeostase, onde a alimentação é uma resposta não aprendida em relação à sugestão da fome.
Aprendizagem na Alimentação
A aprendizagem na alimentação tem revelado métodos baseados no paradigma do condicionamento, para aumentar as preferências alimentares tais como:
Aprendizagem pela exposição repetida e mera exposição:
São os processos de familiarização com alimentos que se iniciam com o desmame e a introdução dos alimentos sólidos, oferecidos durante o primeiro ano de vida da criança.
Aprendizagem sabor-sabor:
A percepção dos sabores compreende a sensação do doce, salgado, azedo e amargo e alguns outros associados a aminoácidos. A sensibilidade ao sabor doce já aparece na fase pré-natal, sendo, portanto, uma preferência inata. Neste tipo de aprendizagem, o sabor está associado ao prazer e provavelmente por esta razão se mantém ao longo do tempo, ou seja, é durável e sua modificação só é possível quando outra experiência aprendida substitua ou neutralize a experiência anterior.
Aprendizagem nutriente-sabor:
Uma substância nutritiva com mais calorias promove uma consequência fisiológica de saciedade que, associada à sugestão do sabor, aumenta a aceitação do alimento desconhecido. Além disso, a gordura, como ingrediente no preparo de alimentos, empresta uma textura cremosa e fofa, o que provavelmente conquista a preferência da criança.
Além disso, em casos de mães com histórico de depressão e transtornos alimentares e pais exigentes tendem a apresentar filhos com maior risco de padrões alimentares inadequados. Outras vezes, pais autoritários – que controlam horários, quantidades e qualidade das refeições, induzem-nos a uma relação de dependência. Dessa forma, há maior dificuldade em experimentar novos desafios e, entre eles, experimentar novos alimentos.
Verifica-se, também, que a maior preocupação dos pais centra-se na quantidade de alimento, e não em desenvolver hábitos e atitudes direcionados a padrões de alimentação mais adequados do ponto de vista qualitativo.
Cada caso de seletividade alimentar tem suas peculiaridades, requer orientação individualizada, segundo as características específicas da criança, da família e do meio. No entanto, os múltiplos fatores determinantes da seleção de Alimentos da criança têm seu impacto nutricional melhor avaliado através da ação do pediatra e da nutricionista. Casos graves podem demandar, também, uma assistência psicológica especializada.
![](https://institutoanapaulapujol.com.br/lands/wp-content/uploads/2019/09/mariane.meurer-150x150.png)
Mariane Meurer
NUTRICIONISTA – CRN 10.5317
![](https://institutoanapaulapujol.com.br/lands/wp-content/uploads/2019/11/gabi-150x150.png)
Gabriela Dors Wilke Rocha
NUTRICIONISTA – CRN 10.4719
Nos siga nas mídias sociais
Twitter
Facebook-f
Youtube
Instagram