Mitocôndrias—Fundamental para a Vida e a Saúde

Autor: Joseph Pizzorno (https://twitter.com/drpizzorno)

Nos últimos anos o foco está voltado para a saúde mitocondrial, pois tem-se desenvolvido mais consciência da importância da função mitocondrial para a saúde. Um crescente corpo de estudos tem mostrado que a disfunção mitocondrial é surpreendentemente comum e associada a maioria das doenças crônicas.

Abaixo consta uma lista de algumas doenças comuns causadas ou agravadas por disfunção mitocondrial:

Uma grande quantidade de trifosfato de adenosina (ATP) deve ser produzida pelas mitocôndrias a cada segundo de cada dia porque o ATP não pode ser armazenado. Esta função é tão importante que as mitocôndrias podem ocupar até 25% do volume da célula. As células contêm de 1.000 a 2.500 mitocôndrias.

A produção de ATP é um processo bastante complexo, iniciando-se no ciclo do ácido cítrico de Krebs, também conhecido como ciclo do ácido tricarboxílico (TCA).

Mas, muito mais importante do que a produção direta de ATP são as moléculas de alta energia que o TCA fornece à cadeia de transporte de elétrons (ETC). É ali que 90% do ATP são produzidos no metabolismo aeróbico.

O ETC é complexo e bastante fascinante. Toda a ação ocorre dentro e através das membranas mitocondriais e é altamente dependente do potencial nutricional, tóxico e redox da célula e das mitocôndrias.

Função e proteção mitocondrial

As mitocôndrias são especialmente suscetíveis a deficiências nutricionais, toxinas ambientais e danos oxidativos. Embora muitos nutrientes sejam necessários para a produção de ATP, abaixo são listados os considerados mais importantes:

Nutrientes essenciais para a produção de ATP

 FAD (riboflavina), NADH (niacina), CoQ10

 Carnitina para transporte de ácidos graxos

 Ferro, magnésio, manganês

 B1, B2, B3

 Cisteína (glutationa)

 CoQ10 (transporta elétrons de alta energia)

 Riboflavina (complexo II)

 NADH (niacina)

 Magnésio (produção final de ATP)

A pesquisa agora mostra que a principal fonte de estresse oxidativo nas células é o vazamento de oxigênio e elétrons de alta energia das mitocôndrias. Esse vazamento aumenta quando faltam nutrientes essenciais/moléculas protetoras, como a depleção de CoQ10 dependente da dose em pacientes que tomam estatinas – um problema que tem sido conhecido há muito tempo. Os elétrons de alta energia são transportados entre os vários complexos mitocondriais pela CoQ10. Muitos fatores estão associados ao aumento do dano às mitocôndrias.

O vazamento de oxigênio reativo mitocondrial é um forte preditor entre espécies para longevidade – quanto melhor uma espécie protege suas mitocôndrias, mais tempo uma espécie vive. Com a idade, o dano do mtDNA se acumula, resultando em ainda mais oxigênio e perda de elétrons de alta energia.

O oxigênio é essencial para a produção de energia e é perigoso quando não totalmente controlado.  O autor relata que as pessoas começam a “perder energia” quando atingem cerca de 55 anos de idade.

Fatores associados ao aumento do dano mitocondrial:

Dentre as principais maneiras pelas quais as mitocôndrias são protegidas desse intenso estresse oxidativo estão a superóxido dismutase dependente de manganês, catalase, CoQ10, vitamina E e glutationa (produzida no citoplasma e transportada através da membrana mitocondrial).

Muitos medicamentos prescritos, também, danificam as mitocôndrias por meio de uma gama diversificada de mecanismos complexos.

Drogas que danificam as mitocôndrias:

O autor relata que esses medicamentos são particularmente preocupantes quando prescritos com frequência ou tomados por um longo tempo. Alguns antibióticos, por exemplo, não só prejudicam a produção de ATP; eles também aumentam a produção de ROS e danificam o mtDNA.

Outra preocupação séria é o uso generalizado e crescente de drogas estatinas. Muitos dos eventos adversos associados a essas prescrições são bem explicados pela disfunção mitocondrial que elas induzem, secundária à depleção de CoQ10.

Como avaliar a disfunção mitocondrial?

Existem avaliações clínicas e exames laboratoriais indiretos:

A análise do ácido orgânico urinário pode ser bastante útil para determinar a disfunção enzimática no ciclo do ácido cítrico, que pode identificar onde está o problema. Finalmente, a quantidade de dano ao mtDNA pode ser estimada por 8-OHdG na urina. “Curiosamente, este teste também prevê o risco de câncer – não o tipo de câncer, mas sim a quantidade de dano ao DNA, que leva ao câncer”.

Estratégias para melhorar a função mitocondrial

Mesmo aqueles com dano mitocondrial, como o encontrado na doença de Parkinson, podem aumentar a produção de ATP por meio do treinamento de força.

A base começa com um bom multivitamínico e mineral. Eles devem ser de alta qualidade com 2 a 3 vezes a ingestão diária recomendada para a maioria dos nutrientes, especialmente as vitaminas do complexo B.

Como suporte mitocondrial cita-se:  CoQ10, ácido α-lipoico, acetil-L-carnitina, resveratrol, NAC e vitamina E. Além de pirroloquinolina quinona (PQQ), proantocianidinas e melatonina.

CoQ10

Há muitas razões para recomendar CoQ10.

CoQ10 transporta os elétrons de alta energia através do ETC. A deficiência significa não apenas diminuição da produção de ATP, mas também aumento da perda de elétrons causando dano oxidativo. CoQ10 também é um importante antioxidante intramitocondrial exatamente onde essas Espécies Reativas ao Oxigênio (ROS) estão sendo produzidas.

Ácido α-Lipoico + Acetil-L-Carnitina

Esses nutrientes têm sido usados em conjunto para aumentar a produção de ATP mitocondrial em vários modelos animais, incluindo animais idosos em particular. Pesquisa em humanos também mostrou benefícios.

Resveratrol

O resveratrol aumenta a produção mitocondrial, protege contra ROS e regula positivamente a sirtuína 1.

N-acetilcisteína (NAC)

O papel chave do NAC é aumentar a glutationa intracelular, que é então bombeada para as mitocôndrias. Esta glutationa é fundamental para a proteção das mitocôndrias contra danos oxidativos.

Vitamina E (Tocoferois mistos)

A vitamina E protege as mitocôndrias do estresse oxidativo. A pesquisa humana não é tão forte e infelizmente é quase toda com um único membro da família da vitamina E. Apesar disso, há resultados iniciais promissores.

Fonte: PIZZORNO, J. Integr Med (Encinitas). 2014 Apr; 13(2): 8–15.

Att, Gabriela Dors Wilke Rocha

Equipe IAPP+ Setor de Ensino