9 Passos para Estruturar uma Estratégia Low Carb

A estratégia Low carb, por muitos ainda é considerada uma “dieta da moda”, isso por ter sido por muito tempo disseminada e popularizada por pessoas não habilitadas para tal.
Inclusive, a nomenclatura Low Carb, ainda não é algo esclarecido para os nutricionistas, muitas vezes confundida com a estratégia cetogênica.
O fato é que, a estratégia que visa a restrição de carboidratos (Low Carb), e é caracterizada por intervenções dietéticas que tenham até 44% de carboidratos do valor energético total (VET) ou até 130g por dia, em diferentes proporções de proteínas e gorduras.
Aqui está a maior dúvida. Essa estratégia pode ser cetogênica ou não, já que cetogênica é qualquer intervenção nutricional com o objetivo de induzir a cetose.
E para fixar muito bem essa diferença, saiba que toda dieta cetogênica é Low Carb, mas nem toda dieta Low Carb é cetogênica, ok?
Esclarecido esses detalhes até aqui, vamos ao foco desta leitura, o passo-a-passo para o cálculo da estratégia Low Carb.

Passo 1 – Low Carb não é Regra, é estratégia

Como o próprio título refere, a Dieta Low Carb não é uma regra a ser seguida, mas sim uma das estratégias que podem ser usadas mediante uma avaliação do objetivo do paciente.
É claro que, para que essa conduta seja utilizada, é preciso levar em consideração os critérios para indicação.
Além disso, deve haver um alinhamento com o paciente, sobre o fator chave que determinará a assertividade da indicação: a adesão.
Mesmo que a estratégia que estiver usando seja a mais adequada, que tenha o cálculo mais certeiro e mesmo estando muito bem estruturada, pouco vai adiantar se o paciente não conseguir seguir.
Desta forma, o alinhamento de expectativa com o paciente, junto à empatia de entender qual é o perfil alimentar dele e sobre a disponibilidade dessa inclusão da estratégia a longo prazo, é considerado o passo inicial.

Passo 2 – Estipular a necessidade energética total (NET)

A premissa básica de qualquer cálculo dietético ainda é estipular a necessidade energética total (NET).
E ela pode ser calculada por meio de equações de predição de gasto energético ou por calorimetria indireta.
Entretanto, a calorimetria indireta ainda não é uma alternativa viável, favorecendo aplicar no consultório, as equações de predição do gasto energético.

 

Passo 3 – Estipular a restrição calórica

Aqui é muito importante entender que existe uma diferença entre planos alimentares para emagrecimento com restrição calórica clássica e restrição de carboidratos.
E essa, na low carb, pode ser classificada em três níveis:
Restrição energética nível 1 – de 10 a 19% de restrição calórica
Restrição energética nível 2 – 20 a 29% de restrição calórica
E restrição energética nível 3 – 30 a 35% de restrição calórica
A escolha vai depender do perfil e do objetivo de cada paciente. Sempre levando em consideração, primeiramente, os critérios de adesão individuais.

 

Passo 4 -Estipular a restrição de carboidratos

Ainda existe uma ambiguidade nas definições do percentual de carboidrato da ser restringido e isso tem gerado, uma barreira persistente para comunicação.
Desta forma, vamos propor aqui definições baseadas em publicações e utilizadas por autores que realizaram estudos experimentais:
Dieta cetogênica ou muito baixa em carboidratos (VLCKD): 5% a 10% do VET proveniente de carboidratos, ocorrendo ou não cetose.
Low carb restrita: 10% a 25% do VET proveniente de carboidratos.
Low carb moderada: 26% a 44% do VET proveniente de carboidratos
Você pode encontrar as referências dos estudos ao final deste artigo.
Aqui ainda, deve ser dada a devida importância para a qualidade do carboidrato que será indicado, que por sua vez, para ser considerado de boa qualidade deve conter para cada 10g de carboidratos totais, pelo menos 1g de fibras (uma razão de 10:1).

 

Passo 5 – Estipular a quantidade diária de carboidratos em gramas

Temos neste item também uma regra da nutrição básica. Assim que definir o percentual de carboidrato a ser restringido, é necessário convertê-lo em gramas.
A partir de estipulado o valor energético total e estabelecido um percentual de restrição calórica em kcal (passo 3), deve ser aplicada a regra de três para definir a quantidade diária de carboidratos em gramas, uma vez que 1g de carboidrato representa 4kcal.

Passo 6 – Determinar o teor proteico

O ajuste do teor proteico na alimentação, tem como objetivo a retenção de massa magra e a recomendação para proteínas varia de 1,2 a 2,5 g/kg de peso corporal.

 

Passo 7 – Determinar o teor de lipídios

O teor de lipídio da dieta é o último a ser estipulado, sendo feito após o cálculo dos carboidratos e das proteínas até chegar ao VET estipulado.
Mas neste caso, a atenção vai para a qualidade destes lipídios, de modo que fontes alimentares de gordura mono e poli-insaturadas, ricas em vitaminas, minerais e compostos bioativos devem ser priorizadas em detrimento das gorduras saturadas devem ser priorizadas em um plano alimentar do tipo high fat.
Traduzido para alimentos, esses achados sugerem aumentar o consumo de óleos vegetais, oleaginosas, peixes e vegetais ricos em gorduras insaturadas em vez de gorduras saturadas (No máximo 12% do total da gordura).

Passo 8 – Estipular o teor de fibras

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere uma média de 25 gramas de fibras a cada 1000 kcal.
Deve ser aplicada uma regra de três para estipular o valor total de fibras do plano alimentar.

Passo 9 – Elaboração do Plano Alimentar Low Carb

Lista de Substituição

E por último, para elaboração de um plano alimentar Low Carb, é necessário levar em consideração a quantidade de carboidratos por porção de cada alimento. Isso é importante para que se possam criar mais opções alimentares e facilitar a adesão do paciente à estratégia.
O plano alimentar pode ser elaborado manualmente por meio da lista de equivalentes de carboidratos, onde cada grupo de alimentos possui uma quantidade de carboidratos por porção.
Além disso, a lista de equivalentes de carboidratos pode ser utilizada conforme a necessidade, condições, gostos e particularidades de cada indivíduo, através da substituição alimentar entre o mesmo grupo ou entre grupos diferentes, respeitando a quantidade e a qualidade dos carboidratos estabelecidos.
Você pode encontrar essas informações de forma mais completa também no livro: Nova Lista de Substituição de Alimentos.

 

Sucesso da Estratégia Low Carb

Ao longo de vários anos de estudos, a estratégia Low Carb, vem sendo considerada como uma alternativa para aplicação no emagrecimento. Bem como na prevenção de algumas doenças.
Mas assim como outras estratégias, é preciso conhecer sua indicação e principalmente, a contraindicação.
E é claro, ter a empatia de se colocar no lugar do seu paciente, considerando primeiramente, suas particularidades. Porque a melhor estratégia, será sempre aquela que o paciente conseguirá seguir.