Intestino e o Comportamento Alimentar

O intestino é o maior órgão endócrino. Possui 10 vezes mais bactérias e 100 vezes mais material genético do que o número total de células do organismo. Embora já se conheça de longa data o papel que os hormônios sintetizados no trato gastrointestinal exercem sobre o mesmo, hoje há grandes evidências comprobatórias de que o intestino também é o responsável pelo comportamento alimentar.

A busca por esse tipo de evidência surgiu a partir da motivação de se desenvolver novas estratégias para combater a epidemia de obesidade. Apesar disso, o conhecimento científico sobre a importância da microbiota intestinal para a saúde humana é recente.

Intestino

A colonização dessas bactérias não se dá de maneira uniforme ao longo de todo o intestino, visto que elas apresentam diferentes atividades, dependendo do local onde colonizam.

Substâncias Patogênicas

Existem duas maneiras de substâncias patogênicas ou tóxicas penetrarem no organismo através do intestino:

1) através da veia porta, chegando ao fígado e sofrendo destoxificação;

2) pela circulação linfática, onde os nutrientes são coletados na membrana basolateral, movem-se pelos canais linfáticos e encontram a circulação sanguínea no ducto torácico, evitando o chamado “metabolismo de primeira passagem” hepático.

Defesas do Intestino

As bactérias intestinais desempenham uma função clínica importante na proteção do hospedeiro. Para se proteger, o intestino se dispõe de três eficientes linhas de defesas que se comunicam entre si: a microbiota intestinal, a barreira mucosa e o sistema imune entérico.

A barreira mucosa contribui para a imunidade dos indivíduos, pois age fisicamente como uma barreira celular e atua como sítio principal de interação com substâncias do meio externo e microrganismos. No entanto, ela precisa da sua parede integra e de fluxo sanguíneo adequado para funcionar bem.

A primeira fonte de microrganismos para a colonização do trato gastrointestinal (TGI) é o parto, principalmente o normal, por ter contato direto com a microbiota fecal da mãe. Depois pelo contato do ambiente e em seguida pela amamentação, que por sua vez sofre grande influência pelo uso de leite industrializado.

Os antibióticos em excesso ou administrados de forma incorreta induzem a uma seleção natural e diversas enfermidades diarreicas são causadas por esse desequilíbrio bacteriano no intestino.

A atividade de algumas bactérias intestinais sobre uma categoria de nutrientes permite um melhor desempenho intestinal. Esse processo acontece especialmente os carboidratos, que são fermentados no cólon e formam ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) absorvidos pela mucosa, tais como o butirato e propionato.

Os AGCC são dependentes de substratos disponíveis, sendo o mais comum o butirogênico. Ademais, Estudos apontam os efeitos dos butiratos sobre os mediadores de inflamação. De forma geral, eles tem capacidade de inibir a expressão das citocinas pró-inflamatórias por meio da inibição da ativação do fator nuclear.

Desequilíbrio da Microbiota

O desequilíbrio da microbiota pode acarretar perda de efeitos imunes importantes, estando associada a um número de doenças inflamatórias e imuno mediadas. Além disso, a disbiose intestinal apresenta um agravante quando associada com outros distúrbios, como aumento da permeabilidade intestinal e constipação.

Quando a microbiota está em desequilíbrio, a quebra de peptídeos e reabsorção de toxinas ocorre de maneira inadequada. Isso acaba induzindo o surgimento de patologias pelo não funcionamento das funções da microbiota intestinal.

Entre as possíveis causas da disbiose estão a idade, o estresse, a disponibilidade de material fermentável, má digestão, tempo de trânsito intestinal, pH intestinal e estado imunológico do hospedeiro. Seu tratamento abrange duas linhas, uma dietética, por meio da ingestão de alimentos que beneficiam a constituição da microbiota intestinal, e outra usando medicamentos.

Dentre muitos alimentos funcionais estão os prebióticos e os probióticos ou os simbióticos. Esses vem tomando espaço cada vez maior no cotidiano das pessoas sendo indicados por favorecer o desenvolvimento de microrganismos benéficos.

 

 

Mariane Meurer

NUTRICIONISTA – CRN 10.5317

Gabriela Dors Wilke Rocha

NUTRICIONISTA – CRN 10.4719

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