Qual o Conceito de Suplementação?

Dentro do meio da nutrição esportiva, o termo ‘suplementação alimentar’ é um assunto amplamente difundido. 

Ao contrário do senso comum, suplementação não é destinada e utilizada exclusivamente para público esportivo, dado que sua definição é para todo e qualquer complemento alimentar que visa atingir as necessidades nutricionais de um indivíduo.

Irá ser dado enfoque aqui para a necessidade de suplementação na área de desempenho físico de atletas e esportistas.

 

Prescrição é com Nutricionista!

Um estudo estatístico feito nos EUA, mostrou que cerca da metade da população adulta usa alguma forma de suplementos dietéticos e que, muito embora existam diferenças regionais, culturais e econômicas, uma prevalência semelhante é provável em muitos outros países.

No Brasil, segundo a Euromonitor, o mercado de suplementação alimentar movimentou, em 2019, cerca de 6,6 bilhões de reais, teve como resultado de crescimento 7% maior do que no ano anterior.

Um grande problema que existe na indicação do uso desses componentes, é a auto prescrição ou prescrição de terceiros não habilitados para determinar tais recomendações.

Realizado em 2018 com praticantes de ciclismo, um estudo avaliou a prevalência do uso de suplementação alimentar entre os estudados, onde em sua maioria, relatou consumir com a finalidade de uma melhoria do desempenho físico. Esse estudo também observou, como resultado que, 34,7% dos participantes afirmaram terem recebido a prescrição de terceiros (instrutores, amigos e colegas de treino).

Outro estudo realizado em 2019, o qual teve como público praticantes de atividade física, avaliou que 43,9% dos mesmos faziam consumo de suplementos alimentares, sendo que 35,3% destes, foram orientados por ou terceiros ou por iniciativa própria.

Mas afinal, em que momento é indicado?

Os motivos que prevalecem como justificativas para o uso desses componentes normalmente são:

  • Correção ou prevenção de deficiências nutricionais que tenham potenciais de prejuízo à saúde ou desempenho;
  • O conveniente fornecimento de energia durante os exercícios;
  • Melhora no desempenho do treinamento físico, bem como sua potencialidade;
  • Melhora na recuperação física e otimização da massa e composição corporal;
  • Redução dos riscos de lesões e doenças.

Desta forma sua indicação ocorre quando há uma necessidade energética e de macronutrientes aumentada ou quando as mesmas não estão sendo atingidas pela alimentação. Ela deve ser usada sob orientação de um nutricionista habilitado para determinar tais recomendações.

Apesar de seu uso ser indicado para pessoas com essas necessidades aumentadas ou não atingidas (nesse caso atletas e esportistas), seu consumo sofre alteração na presença variáveis como:

  • Diferentes atividades e esportes;
  • Níveis alternativos de intensidade no treinamento e desempenho;
  • Definição do objetivo;

Muito embora seu uso seja influenciado fortemente por normas culturais (tanto esportivas quanto não esportivas), a determinação ao considerar sua ingestão, deve ser a avaliação prévia do contexto de uso e o protocolo específico a ser empregado.

 

Qual o Suplemento Deve ser Utilizado?

Na grande área de estudos sobre suplementos, há uma sugestão de que eles tenham um proporcional potencial de benefícios, desde que usados da forma adequada e prescritos sob avaliação da sua necessidade. Portanto, reforça aqui a importância do conhecimento especializado para identificação dos produtos mais apropriados e como deve ser a sua integração no complemento dietético do atleta.

Creatina

Dentre o foco na melhora do desempenho físico, a recomendação sobre aporte de creatina representa uma das a ajudas ergogênicas mais populares entre atletas.

A International Society of Sports Nutrition, posiciona a ação da creatina monohidratada (de mais lenta absorção), com papel de melhora no desempenho do exercício e/ou melhora na adaptação do treinamento. Ela também se mostrou benéfica na melhora da recuperação pós exercício, prevenção de lesões e termorregulação.

Seu protocolo de suplementação possui duas formas de aplicação:

  • Método mais rápido: consumo de aproximadamente 0,3g/kg/dia de creatina monohidratada por 5 a 7 dias seguidos e 3 a 5g/dia, para manutenção dos estoques elevados. Duração de utilização de 6 a 8 semanas e não ultrapassando o período de 12 semanas (acima disso pode perder o efeito). Sua periodização deve ter um intervalo de 4 semanas.
  • Protocolo de 1 semana: 20g de creatina dividida em 4 doses (5g cada) durante um dia. Após esse período 5g/dia para manutenção.

Estudos mostram que o seu uso durante 12 semanas não afetou a função renal em indivíduos adultos saudáveis treinados em dietas ricas em proteínas, reforçando assim a segurança da sua aplicação.

Esse mesmo estudo avaliou que o consumo em atletas mais jovens pode ser considerado desde que:

  • Estejam envolvidos em treinamentos supervisionados e competitivos;
  • Estejam consumindo uma alimentação balanceada com foco em melhora do desempenho;
  • Quando se tenha a informação de uma indicação apropriada de uso e finalidade;
  • Não tenham excedentes nas dosagens recomendadas;

Proteína

Existe um artigo de 2016, que reúne um elenco dos suplementos alimentares mais usados no desporto.

Os de proteína/aminoácidos lideram o ranking, visto que as suas necessidades recebem uma atenção especial, por serem protagonistas no processo de reparação tecidual e hipertrofia muscular.

No entanto, deve-se ter cautela e se atentar aos detalhes de análise do melhor suplemento proteico em conformidade com a finalidade a ser empregada e sua dinâmica de uso.

O Suplemento que Funciona

É visto até aqui que a suplementação esportiva exerce um papel no suprimento das necessidades complementares dos indivíduos. Mas é papel do nutricionista avaliar essa necessidade de forma holística, visto que se colocado em cadeia de proporção, os suplementos representam uma parcela muito pequena de importância.

É considerado em conjunto as individualidades do paciente frente ao objetivo:

  • Repouso: avaliação da imunidade e saúde hormonal;
  • Alimentação: ingesta e distribuição adequada de nutrientes e microbiota;
  • Treinamento: rotina e regularidade, prevenção de lesões;

Por último a avaliação da necessidade da suplementação, uma vez que se todo o resto não estiver equilibrado, suplemento algum sustentará o objetivo do paciente.

Referências

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